Solilóquios

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Descrição

Falar sobre os poemas que brotam da alma de Alberto Cohen, não é tarefa complicada, pois eles nos caem ao colo, como recém-nascidos, dotados de uma sensibilidade que transmite, em cada verso, tudo o que pretendem dizer.

Pertencem ao criador as criaturas, mas, tão logo encontram um olhar ou voz que os traduza, voam alto, libertos, donos de si mesmos.
Um exemplo claro do que digo, nos dá o poema abaixo:

Difícil
Alcançado o poema,
difícil é arrumá-lo.
Ele vem em postas,
esfatiado,
frases inacabadas.
Arrumado o poema,
difícil é retê-lo.
Um instante tem dono,
depois é rebelde
ou de maioridade.

O poeta sabe quão fugidios são seus versos, assim que se expõem aos olhos de outrem. Mas isso, ao invés de entristecê-lo, pelo contrário, estimula ainda mais sua criação, pois é apenas através de suas mãos que eles se permitem surgir aos nossos olhos.
Já não há mais real separação entre a criatura e o criador. Ele os liberta, mas eles se entregam, por instantes, somente aos seus afagos e olhares.Nota-se, clara-mente, esta verdade, em

Assunto particular.
Nos meus poemas
cada letra é uma lágrima,
às vezes vestida de riso.
O assunto é meu e deles.
Os outros bisbilhotam
e não percebem
porque escrevo assim.
Eu nem queria, mas careço.
Só os poemas entendem
e choram por mim.

Assim, em Solilóquios, Alberto Cohen nos presenteia com esses sonhos pequeninos, lindos e profundos, enquanto ainda não alçaram o definitivo voo de partida como todos os demais. Deleitemo-nos, amigos, para que, mesmo distante de nós, eles permaneçam marcados em nossas almas para sempre.