Descrição
O conjunto de poemas parece tratar da finitude e da magia de ver o mundo com a simplicidade e sedução que se apresenta. Das certezas, dos desejos e da dúvida. Do humano que é se descobrir cheio de memórias e escasso de esperanças, à medida que o tempo avança.
Pensamentos de inquietação com o futuro e dúvidas sobre o passado predominam em muitos dos poemas, como se houvesse sempre espera por respostas (sem precisar delas) de alguém (ou algo) que ronda e pode decifrar, mas volta ao ponto do eu sozinho. Procura o outro e só reencontra a si mesmo. Há sempre uma pergunta, expressa ou não, subliminar ou no âmbito da consciência, que perpassa o texto. Cada título, muito bem escolhido, me pareceu um miniconto, um prelúdio do poema porvir. O humor irônico alterna com o triste e o contemplativo, sem recalescências, até pelo contrário, como em “Amor Perdido”.
Gostei muito de “Sonata em dó menor”, pois me parece mais uma dedicatória – é a visão do leitor – de toda obra. É um sentimento que eu poderia ter escrito, pois de certa forma este período de cativeiro lembrou de novo por que e por quem me apaixonei há muitas décadas e com quem decidiria viver mais outra vida, se fosse possível.
O que dizer do escrito inteiro? Da sua necessidade? Poemas não são necessários – inevitável é respirar, dormir e comer, por exemplo –, mas fazem parte do que vivemos, como alguns insetos que se misturam com a folhagem. Poucos são os que, com atenção plena e memória, se dedicam a observá-los e, sem separá-los do lugar onde vivem, conseguem mostrar a outros – como eu – como eles são, em sua beleza plena.
Ivan Carlos Antonello