O troglodita

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Descrição

O poeta deve estar afinado com o seu tempo. Toque ele seja qual for o instrumento: harpa, lira, atabaque, bongô, viola paraguaia, guitarra flamenca, baixo elétrico, picaque, serra elétrica. Para um ouvido como o do Hermeto Paschoal tudo é música. Aliás, pra ele, o mundo é tão somente uma nota musical.
Fim de século, tudo em ruínas: os bons costumes, a língua, os políticos, a moral dos gestores públicos, a cegueira mal intencionada da justiça e de seus asseclas, tudo em ruínas, meu triste e desalentado poeta.
O novo século, o XXI, pra valer, nem começou ainda. Estamos discutindo uma educação completamente falida. Vivemos nos escondendo, amedrontados, pagando por uma segurança que não existe. A saúde do povo, tenham dó, ó sucessivos ministros e secretários!
É como se todo o esforço , toda a luta, todas as conquistas da humanidade inteira e ao longo de todo o tempo que existe estivesse agora escapando de nossas mãos. Por que não sabemos o que fazer com elas? Por ganância? Por falta, mesmo, de juízo?
Aonde a gente pensa que vai parar, sentados nesse carrossel eletrônico, cujos cavalos do apocalipse se soltaram e estão pastando por aí, às margens do Guaíba, da Lagoa Rodrigo de Freitas, do Tietê, do Amazonas, do Mearim, do Solimões; do Sena, do Danúbio, do Eufrates, do rio Nilo, do Lago Ness?
A vida não pode ser só esta grande palhaçada que fazemos dela. Tirando as cascas, as peles, quem sabe, a epiderme, talvez exista ainda alguma coisa de muito nobre entre nós e que nos impeça de roubar o dinheiro da merenda escolar de jovens e crianças que, muitas vezes, nem têm o que comer em casa, ouviram senhores prefeitos e primeiras damas?